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domingo, 16 de junho de 2019

Você não me ensinou a te esquecer

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando me encontrar

De repente, em casa, minha filha está ouvindo e cantando essa música. E eu pergunto: Ué? Como é que você conhece essa música? Quem está cantando? Ela me olha, surpresa, e responde: Esta versão é com a Patrícia Lima, mas todo mundo conhece essa música...

E aí me vem toda uma história na cabeça, da década de 70. Fernando Mendes era um cantor que muita gente considerava brega, mas suas músicas faziam sucesso. Apelando pra emoção, a música que fez com que ele ficasse realmente conhecido, vendendo mais de 250 mil discos (LP), em 1975, chamava-se Cadeira de Rodas. Em seus versos, ele relatava o seu amor por uma garota linda e tristonha que, em sua cadeira de rodas, era muito triste, mas sorria quando ele passava.

Sentada na porta,
Em sua cadeira-de-rodas ficava.
Seus olhos tão lindos,
Sem ter alegria,
Tão triste chorava.


Com lançamentos periódicos e músicas em trilhas de novelas, Fernando Mendes foi se mantendo nas paradas musicais. Em 1978, seu LP foi o mais vendido do ano. E você já pode imaginar qual foi a música que foi a atração principal para o público que curtia o romantismo de suas melodias: Você não me ensinou a te esquecer.


Se o refrão é daqueles que grudam na memória, por dentro da música, seus versos gritam em nossos ouvidos desesperadamente:

E nesse desespero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro

Mas música e poesia tem que ser assim mesmo. Falando em verso e melodia aquilo que, em prosa, muitas vezes não ousamos.


Cena do filme Lisbela e o Prisioneiro

Voltando à conversa com a minha filha, ela me lembrou que o Caetano regravou a música para a trilha sonora do filme Lisbela e o Prisioneiro, lançado em 2003. Uma interpretação muito linda e um arranjo novo, trouxeram a música de volta ao sucesso, relembrando os velhos tempos e conquistando novos admiradores. Ainda mais que a música é o tema dos protagonistas, o casal romântico do filme: Lisbela e Leléu (Débora Falabella e Selton Mello).

No vídeo, Caetano, ao vivo, em um show da trilha sonora do filme.



E a Patrícia Lima, que eu mencionei no início dessa história? Ela e muitos outros cantaram e cantam essa música. Seja no estilo barzinho e violão, como é o caso da Patrícia (ouça a versão dela clicando aqui), ou em outros estilos. Como exemplo, a música já foi cantada por Bruno e Marrone, Christian e Ralf, Luan Santana, Gil Melândia, Ricky Vallen, entre outros.

Enfim, o LP que lançou a música, em 1978, é uma raridade em vinil, mas com os aplicativos de música ele está acessível a quem quiser.

LP Fernando Mendes, 1978

Mas agora, a hora é de escutar com o próprio compositor, por isso coloquei aqui esse vídeo de 2016, com o Fernando Mendes interpretando ao vivo o seu sucesso de sempre, que ele não nos ensinou a esquecer.



Você não me ensinou a te esquecer
(Fernando Mendes, José Wilson, Lucas)

Não vejo mais você faz tanto tempo

Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto

E nesse desespero em que me vejo

Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro

Você bem que podia perdoar

E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la

Agora, que faço eu da vida sem você?

Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho

Agora, que faço eu da vida sem você?

Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando me encontrar

Agora, se você é fã do Fernando Mendes, pode curtir essa Seleção de Ouro, um álbum que está no Spotify.



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segunda-feira, 3 de junho de 2019

Na rua, na chuva, na fazenda...

Jogue suas mãos para o céu
E agradeça se acaso tiver
Alguém que você gostaria que
Estivesse sempre com você
Na rua, na chuva, na fazenda
Ou numa casinha de sapê


Eu fiz uma playlist de música popular brasileira - MPB Seleção - e não me canso de ouvir. São cerca de 150 músicas, daquelas que me fazem viajar no tempo. Algumas delas têm uma força incrível e muitas vezes são de compositores e cantores que eu nem me lembrava ou pouco ouvia falar.


Casinha de Sapê

Uma dessas músicas é Casinha de Sapê (Na rua, na Chuva, na Fazenda). Seu compositor e intérprete original é o Hyldon, que lançou seu primeiro disco LP em 1975 e arrebentou nas paradas de sucesso com essa canção eterna... Na verdade, a música tinha sido "testada" em um compacto, no ano anterior e a gravadora, sentindo o cheiro do sucesso, aceitou a ideia de um LP autoral. Esse disco está disponível nas mídias digitais e aqui mesmo eu coloquei um atalho para você ouvir. No mesmo disco, um outro sucesso incrível, As Dores do Mundo.

E vou esquecer de tudo
Das dores do mundo
Só quero saber do seu, do nosso amor




Mas quero voltar a falar de Casinha de Sapê e do seu compositor. Hyldon foi um dos mais importantes representantes da música Soul no Brasil, e houve um tempo que, com Tim Maia e Cassiano, eram chamados de A Santíssima Trindade do Soul. Antes do lançamento do LP que eu mencionei, ele já vinha se consolidando como um músico e compositor requisitado. Depois, a sua trajetória incluiu parcerias e produções musicais de Tim Maia, Cassiano, Odair José, Wilson Simonal, Toni Tornado, entre outros. Um bom exemplo de sucesso foi a música Velho Camarada, na voz de Tim Maia, uma composição de Hyldon e Cassiano, lá por volta de 1979.



Hyldon, um ícone da MPB

De acordo com Hyldon, a música Na rua, na Chuva, na Fazenda foi inspirada em um amor que ele cultivou na juventude, uma garota mineira, de Juiz de Fora. Um amor mais platônico do que físico, como ele mesmo disse em uma entrevista. O local que serviu de inspiração para a música foi uma cidade no litoral sul do Espírito Santo, onde ele e alguns amigos alugaram uma casa, perto de uma...casinha de sapê. Lá, curtindo a saudade e a vontade de estar com sua amada, ele compôs a música que seria gravada e regravada inúmeras vezes por vários artistas. "Essa música foi feita de um sentimento meu, então ela representa um pedaço de mim." - assim o Hyldon fala, com emoção, sobre sua obra mais importante.

Uma das regravações mais famosas é do Kid Abelha, em 1996. Mas muita gente levou essa música em shows, trilhas de novela, filmes, ou simplesmente no estilo banquinho e violão. Tem versões com Tim Maia, Jorge Aragão, Lenine, Jeito Moleque, Sandy, Sambô, Jota Quest, entre outros. Aliás, uma versão acústica, com Tiago Iorc e Clarice Falcão, é a primeira que eu selecionei pra você, como um exemplo da atualidade da música.




Não estou disposto
A esquecer seu rosto de vez
E acho que é tão normal
Dizem que eu sou louco
Por eu ter um gosto assim
Gostar de quem não gosta de mim

Jogue suas mãos para o céu
Agradeça se acaso tiver
Alguém que você gostaria que
Estivesse sempre com você
Na rua, na chuva, na fazenda
Ou numa casinha de sapê


Como nós sabemos, a música viaja no tempo e ganha novos olhares e novos ouvidos, novas interpretações. Cada um que ouve, viaja também, e imagina o que quiser ao ouvir uma canção, ainda mais quando ela fala de amor e saudade.

Até o Frejat, mandou bem numa interpretação dessa música no Rock in Rio. Dá só uma olhada nisso!


E o Hyldon? Esse baiano é fera mesmo. Não parou até hoje e, no agito dessa vida de artista, vem fazendo shows, compondo e produzindo. Em 2016 lançou um álbum novo que foi premiado (As coisas simples da vida) e está lançando alguns singles agora. Nas redes, em todas elas, você vai encontrá-lo ativo. E com esse nome não é difícil de encontrá-lo.


Mas se você quer vê-lo e ouvi-lo cantando Na Rua, na Chuva, na Fazenda, ele preparou um clipe pra você!



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Referências:

Página oficial: http://hyldon.com.br/


Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hyldon

Dicionário Cravo Albin da Música Brasileira:
http://dicionariompb.com.br/hyldon

Entrevista Canal Bis: https://youtu.be/qsTSIo56Ugk

Revista Trip:
https://revistatrip.uol.com.br/trip/hyldon-carlos-dafe-e-gerson-king-combo-se-encontram-pela-primeira-vez-simultaneamente-no-palco