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domingo, 31 de dezembro de 2017

Retrospectiva Musical 2017

Temos vivido tempos estranhos... Mas a música brasileira, por meio de seus artistas brilhantes, sempre tem uma forma diferente de expressar sua crítica, até mesmo de forma bem humorada.

E este é o caso de Edu Krieger, compositor e cantor, com vasto repertório gravado por diferentes artistas da música popular brasileira contemporânea. Todos os anos, ele prepara uma retrospectiva musical, com inteligência, crítica sutil e harmonia.

Edu Krieger, compositor e cantor brasileiro

Por isso, entre tantas listas e playlists que estão rodando a internet, o nosso blog escolheu homenagear a capacidade criativa do Edu Krieger, que preparou essa retrospectiva musical de 2017.

Feliz 2018, com muita música!



Para saber mais sobre Edu Krieger e sua música:
https://www.facebook.com/edukriegeroficial
https://www.youtube.com/user/oficialedukrieger
https://open.spotify.com/artist/3Nj6wHcE9eQNkQNJ3Zudwy

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

50 anos de músicas, com Chico Buarque de Hollanda

Chico Buarque de Hollanda lançou o seu primeiro disco em 1966. E a primeira música do lado A desse LP de estreia foi um tremendo sucesso - A Banda.

Um dia desses, na casa da minha mãe, peguei esse disco histórico em mãos. Retirei da capa, olhei dos dois lados, praticamente sem um arranhão, e cuidadosamente fiz voltar ao seu lugar. Jóia rara!

De lá pra cá, Chico Buarque percorreu uma trajetória impecável de competência, talento e sucesso. Poeta, compositor, cantor, escritor, produtor, artista completo e intelectual. Atuante, ativista, presente, corajoso. Mas acima de tudo isso, paira a sua música e poesia.

Caravanas - o novo disco de Chico Buarque, lançado em 2017

É difícil selecionar suas melhores canções, ou seus maiores sucessos. Depende do que estamos querendo ouvir em determinado momento. Volta e meia nos pegamos cantarolando alguma de suas músicas. Afinal elas estiveram presentes nas rádios, na televisão, no teatro e no cinema, ao longo dos últimos cinquenta anos. Como se não bastasse, neste ano de 2017, ele lançou um disco novo!



Para representar a obra de Chico Buarque, esta playlist foi criada a partir de uma seleção cuidadosa, passando por cada um de seus principais álbuns ao longo desse tempo. Começando pela Banda, passando pelo Cotidiano com uma Feijoada Completa e fechando com a Tua Cantiga em meio a Caravanas. São cerca de 40 músicas de inquestionável sucesso e qualidade. Mesmo assim, se você preferir, joga pedra na Geni!

Pode curtir e seguir, que vale a pena. Bom proveito.

Para ouvir a lista de músicas no Spotify, clique aqui.



Na seleção musical acima apresentada, um dos destaques, com certeza, é a música Geni e o Zepelim, que integra o Musical Ópera do Malandro, de 1978. Por isso selecionei este vídeo para completar a publicação.




Geni e o Zepelim
(Chico Buarque de Hollanda)

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada

Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato

E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir

Joga pedra na Geni!
Joga pedra na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim

A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geleia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo: "Mudei de ideia!"

Quando vi nesta cidade
Tanto horror e iniquidade
Resolvi tudo explodir
Mas posso evitar o drama
Se aquela formosa dama
Esta noite me servir

Essa dama era Geni!
Mas não pode ser Geni!
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni!

Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro

Acontece que a donzela
(E isso era segredo dela)
Também tinha seus caprichos
E ao deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos

Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão

Vai com ele, vai, Geni!
Vai com ele, vai, Geni!
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni!

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco

Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado

Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir

Joga pedra na Geni!
Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!

Joga pedra na Geni!
Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!

domingo, 3 de dezembro de 2017

Dia Nacional do Samba - 2 de dezembro

O Dia Nacional do Samba é celebrado em 2 de dezembro. Há muitas pesquisas sobre a origem do samba, sua história e seus personagens principais. Se quiser saber mais sobre essas histórias e pesquisas, veja as referências que estão no final desta publicação.

Mas como este nosso blog é dedicado a promover a música e oferecê-la em formato de álbuns e playlists, resolvi ser mais sucinto e ir direto ao ponto. Por isso, aqui está uma lista de mais de 100 sambas, músicas inesquecíveis, versos e melodias perfeitamente harmonizadas. A playlist tem Martinho da Vila, Clara Nunes, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Roberto Ribeiro, Agepê, Alcione, Zeca Pagodinho e muito mais!

Para acessar a lista no Spotify, clique aqui.



E para encerrar, um vídeo que retrata a preocupação da velha guarda com o destino do samba, mas que mantém a esperança que o Samba agoniza, mas não morre. Com você, o poeta e compositor Nelson Sargento interpretando esse seu grande sucesso em uma verdadeira roda de samba.

Samba,
Agoniza mas não morre,
Alguém sempre te socorre,
Antes do suspiro derradeiro.

Samba,
Negro, forte, destemido,
Foi duramente perseguido,
Na esquina, no botequim, no terreiro.

Samba,
Inocente, pé-no-chão,
A fidalguia do salão,
Te abraçou, te envolveu,
Mudaram toda a sua estrutura,
Te impuseram outra cultura,
E você não percebeu,
Mudaram toda a sua estrutura,
Te impuseram outra cultura,
E você não percebeu.

Samba,
Agoniza mas não morre,
Alguém sempre te socorre,
Antes do suspiro derradeiro.

Samba,
Negro, forte, destemido,
Foi duramente perseguido,
Na esquina, no botequim, no terreiro.

Samba,
Inocente, pé-no-chão,
A fidalguia do salão,
Te abraçou, te envolveu,
Mudaram toda a sua estrutura,
Te impuseram outra cultura,
E você não percebeu,
Mudaram toda a sua estrutura,
Te impuseram outra cultura,
E você não percebeu.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Whitney Houston - A Voz

Ela é considerada uma das maiores cantoras de todos os tempos.

Juntando voz, presença, versatilidade, sucesso, beleza e polêmica. Whitney Houston foi um fenômeno da música pop nos EUA e no mundo. 

Há pouco mais de um mês eu assisti ao documentário: Whitney: Can I be me?, que foi lançado na Netflix. Fiquei surpreso e emocionado com a história dessa diva; seu começo, ascensão e sucesso inquestionável. Foram centenas de prêmios que a consagraram, milhões de cópias de discos vendidos. Além de seus discos e shows, Whitney também atuou como atriz em seis filmes. Ela morreu em 2012, com 48 anos, supostamente por causa de problemas decorrentes do consumo excessivo de álcool e drogas.

Assista ao trailer desse documentário aqui em nosso blog:


Recentemente, um novo filme foi produzido sobre a vida dela e também está na Netflix. Eu ainda não vi, mas o trailer está aqui:


Ela já era famosa mas, em 1992, com o lançamento do filme O Guarda Costas (The Bodyguard), sua carreira artística foi ao estrelato máximo. Sua atuação como protagonista, tendo Kevin Costner como coadjuvante, foi um sucesso; o filme bateu recordes de bilheteria e a trilha sonora acompanhou esse desempenho, vendendo 44 milhões de cópias em todo o mundo, capitaneado pela música I Will Always Love You.
Por isso, ao escrever sobre Whitney Houston, escolhi o álbum dessa trilha sonora para compartilhar com você. Desse álbum, ela gravou seis das treze músicas.


Lista das músicas do álbum "The Bodyguard":

1. "I Will Always Love You" - Whitney Houston (Parton)
2. "I Have Nothing" - Whitney Houston (Foster/Thompson-Jenner)
3. "I'm Every Woman" - Whitney Houston (Ashford/Simpson)
4. "Run To You" - Whitney Houston (Houston/Friedman/Rich)
5. "Queen Of The Night" - Whitney Houston (Babyface/Houston/Reid/Simmons)
6. "Jesus Loves Me" - Whitney Houston (Caldwell/Winans)
7. "Even If My Heart Would Break" - Kenny G And Aaron Neville (Golde/Gurvitz)
8. "Someday" - Lisa Stansfield (Devaney/Morris / Stansfield)
9. "It 'S Gonna Be A Lovely Day" - The S.O.U.L S.Y.S.E.M. (Clivillés/Cole/Never/Scarborough/Visage/Withers)
10. "(What 'S So Funny 'Bout) Peace, Love And Understanding" – Curtis Stigers (Lowe)
11. "Waiting For You" - Kenny G
12. "Trust In Me" - Joe Cocker Feat. Sass Jordan (Beghe/Midnight/Swersky)
13. "Theme From Bodyguard" – Alan Silvestri (Silvestri)


Para ouvir este álbum completo agora no Spotify, clique aqui.



Para ouvir o álbum no Deezer, clique aqui.

Para conhecer todo o repertório de Whitney Houston  disponível no Spotify, clique aqui.

É isso, Whitney, I will always love you! R.I.P.



If I
Should stay
I would only be in your way
So I'll go
But I know
I'll think of you every step of
the way
And I...
Will always
Love you, oohh
Will always
Love you
You
My darling you
Mmm-mm
Bittersweet
Memories
That is all I'm taking with me
So good-bye
Please don't cry
We both know I'm not what you
You need
And I...
Will always love you
I...
Will always love you
You, ooh
I hope
life treats you kind
And I hope
you have all you've dreamed of
And I wish you joy
and happiness
But above all this
I wish you love
And I...
Will always love you
I...
Will always love you
I, I will always love
You...
You
Darling I love you
I'll always
I'll always
Love
You.
Oooh
Ooohhh



Referências:

domingo, 12 de novembro de 2017

Caipira, sô!

Mais uma vez me deparo com a dúvida na classificação de um conjunto de músicas. Devo dizer música country? Não; é um nome em inglês para músicas tipicamente brasileiras. Quem sabe música rural? Horrível... Estou tentando fugir de música sertaneja por causa da banalização que se criou em torno desse gênero. Embora os especialistas chamem as mais tradicionais de música sertaneja raiz, e as mais "modernas" de sertanejo universitário... Ora, minha escolha para essa denominação é Música Caipira, sô!

E fui buscar alguns clássicos dessas músicas caipiras, tanto em termos de canções como de seus intérpretes para elaborar esta nova playlist do tipo Top10.

Por isso escolhi o Sérgio Reis, Almir Sater, Renato Teixeira, Roberta Miranda, Inezita Barroso, Tonico e Tinoco, Milionário e José Rico, Chitãozinho e Xororó. Um grupo heterogêneo mas que representa um tipo de música brasileira, autêntica, que fala das coisas simples do interior do país. Coisas da terra, lembranças, romance, tendo por base o som da viola. Algumas com versos tristes, outras mais poéticas, umas com letras jocosas e muitas contando histórias. É um tipo de música que tem um público específico e passa por um certo preconceito, pois alguns acham brega, cafona, ou coisa parecida.

Uma imagem típica quando se pensa na música caipira é uma roda de amigos, contando histórias, bebendo pinga, cantando e tocando a viola. Não é à toa que os mais famosos programas de TV dedicados à música caipira tinham esse tipo de cenário, apresentados por excelentes contadores de histórias como é o caso de Inezita Barroso (programa Viola, Minha Viola) e Rolando Boldrin (programas Som Brasil, Empório Brasil e Senhor Brasil). Inezita Barroso ficou 35 anos no ar com o seu programa, até falecer, em 2015. E o Boldrin, permanece no ar, também por mais de 35 anos. Para os fãs desse gênero, os dois programas vão ao ar aos domingos na TV Cultura, às 9h e às 10h da manhã.

Programa Sr Brasil - TV Cultura

As dez músicas caipiras que eu escolhi para esta playlist foram essas:

Um violeiro toca - Almir Sater
Majestade, o sabiá - Roberta Miranda
Romaria - Renato Teixeira
O Menino da Porteira - Sérgio Reis
No Rancho Fundo - Chitãozinho e Xororó
Panela Velha - Sérgio Reis
Luar do Sertão - Roberta Miranda
Tristeza do Jeca - Tonico e Tinoco
Estrada da Vida - Milionário e José Rico
Moda da Pinga - Inezita Barroso

Para ouvir as músicas no Spotify, clique aqui.

O vídeo da semana é uma homenagem à Inezita Barroso, que encarnou a música caipira e a divulgou Brasil afora, com seu carisma e vitalidade. O vídeo nos mostra a interpretação de Inezita Barroso da famosa música, que lhe trouxe tanto sucesso no passado: Lampião de Gás. Quanta saudade você me traz!



Referências:

Programa Viola, Minha Viola: http://tvcultura.com.br/programas/viola/
Programa Sr Brasil: http://tvcultura.com.br/programas/srbrasil/
Dicionário Cravo Albin da Música Brasileira: http://dicionariompb.com.br/musica-sertaneja/dados-artisticos

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

João Bosco, nas águas da Guanabara

Há muito tempo nas águas da Guanabara, o Dragão do Mar reapareceu... Quem reconhece essa estrofe, lembra da música de João Bosco e Aldir Blanc, cuja interpretação mais famosa foi feita por Elis Regina.

Um dia desses, almoçando com amigos, alguém me perguntou:
- No seu blog não tem nada do João Bosco!?
Eu fiquei mudo por alguns instantes e depois respondi, quase envergonhado:
- Ainda não...
Depois fiquei pensando na razão dessa absurda lacuna, em quase um ano deste blog. Talvez tenha sido o fato de João Bosco não se encaixar em nenhum dos temas das playlists que preparei no primeiro semestre. Sua música é única, diferente, forte e sem enquadramento formal. Taí a minha justificativa inicial. No segundo semestre, priorizei os álbuns, e mesmo assim ele ficou de fora. Bom, sem desculpas, a decisão correta é esta, ouvir João Bosco agora!

E na hora de escolher o álbum, não tive dúvidas. Olhei as imagens das capas e reconheci aquela do meu velho LP: Caça à raposa, 1975. Um disco que ouvi inúmeras vezes, lado A e lado B.

LP Caça à Raposa - 1975 (imagem: Sinister Vinyl Collection)

Lado A: 01. O Mestre-Sala dos Mares / 02. De Frente pro Crime / 03. Dois pra Lá, Dois pra Cá / 04. Jardins de Infância / 05. Jandira da Gandaia / 06. Escadas da Penha

Lado B: 01. Casa de Marimbondo / 02. Nessa Data / 03. Bodas de Prata / 04. Caça à Raposa / 05. Kid Cavaquinho / 06. Violeta de Belfort Roxo

Com todas as músicas compostas por João Bosco e seu parceiro Aldir Blanc, um time de músicos de primeira e arranjos de Cesar Camargo Mariano, o disco é uma maravilha da música brasileira.


Para ouvir este álbum no Spotify, clique aqui.



Para ouvir este álbum no Deezer, clique aqui.


Passando por vários ritmos e temas, suas letras falam de história, cotidiano, romance e por aí vai. Quem se lembra, por exemplo, dessa deliciosa estrofe, que eu transcrevo a seguir? A música se chama "Dois pra lá, dois pra cá".


Sentindo frio em minh'alma 
Te convidei pra dançar
A tua voz me acalmava 
São dois pra lá, dois pra cá

Realmente, faz muito tempo que nas águas da Guanabara essas músicas eram muito ouvidas. Aliás, lançado na década de 70, uma de suas músicas teve que ser modificada para que pudesse ser gravada. Uma exigência da censura, durante a ditadura militar. Exatamente essa que fala de João Cândido, o "Almirante Negro", contando em verso e melodia um pouquinho da "Revolta da Chibata", episódio da história do Brasil. Transcrevo na íntegra, a música que era pra ser chamada de Almirante Negro e se chamou Mestre-Sala dos Mares. Em negrito estão as palavras ou frases que tiveram que ser modificadas por exigência da censura.

O Mestre-Sala dos Mares
(Letra original sem censura)*
Por João Bosco e Aldir Blanc

Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu

Conhecido como o almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas

Rubras cascatas jorravam das costas
Dos negros pelas pontas das chibatas
Inundando o coração de toda tripulação
Que a exemplo do marinheiro gritava então

Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais

Salve o almirante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais

Mas faz muito tempo.

E pra fechar, um vídeo com essa música, cantada pelo próprio João Bosco, acústico, voz e violão. Lembrando que o João Bosco continua na ativa, fazendo shows e lançando discos!




sábado, 28 de outubro de 2017

Toquinho e o seu violão

Não é todo dia que temos a oportunidade de escutar um artista famoso em uma apresentação solo, acústica, apenas voz e violão.

Essa oportunidade bateu na minha porta esses dias; e eu abri para o inigualável Toquinho (na foto, como no show, ele e o violão).

Meu cunhado viu o anúncio na televisão do metrô, pesquisou na internet e depois me ligou:

- Tem um show do Toquinho, em única apresentação, na próxima quarta-feira; vamos?

Não pensei duas vezes, afinal estar frente a frente com Toquinho é um programa imperdível.

O show foi uma viagem, com música, poesia e emoção. Só depois eu soube que o Projeto Luz do Solo é de 1985, quando fez um grande sucesso, tendo a participação de vários artistas. E essa série de apresentações em um teatro carioca foi uma iniciativa para revisitar aquele projeto.

Bom, e lá estava eu, em uma noite de quarta-feira, para ouvir e cantar, emocionado, com Toquinho. É claro que saí de lá com vontade de compartilhar um pouco daquela experiência aqui em nosso blog.

O show foi simples como a proposta, literalmente um banquinho e um violão. Com um "pequeno" detalhe: em cima do banquinho e atrás do violão, a genialidade e simpatia de Toquinho. Um cara que vem participando da história da música popular brasileira há mais de quarenta anos. Contando histórias e cantando as músicas que fez em parceria com Vinícius, Mutinho, Paulinho Nogueira, Chico Buarque, Tom Jobim, Jorge Ben... e por aí vai. Que Maravilha!

O disco da projeto original - Luz do Solo - fez muito sucesso na época e está aqui em nosso blog, disponível para você ouvir agora e sempre, no Spotify ou no Deezer. Gravado no mesmo estilo do show, incluindo algumas das falas do Toquinho, é um desses que você merecer ouvir do início ao fim.


LP - Luz do Solo - 1985

Para ouvir o álbum Luz do Solo, no Spotify, clique aqui.

Para ouvir no Deezer, clique aqui.

Para fechar essa minha sessão nostalgia, escolhi uma das músicas que ele tocou nesse show. Representa um dos trabalhos voltados para as crianças, do disco Casa de Brinquedos, mas os versos e a melodia podem embalar e encantar a todos nós, independendo da idade. A música é uma parceria de Toquinho e Mutinho. Uma singela homenagem ao caderno...

O Caderno
(Toquinho e Mutinho)

Sou eu que vou seguir você
Do primeiro rabisco
Até o bê-a-bá
Em todos os desenhos
Coloridos vou estar
A casa, a montanha
Duas nuvens no céu
E um sol a sorrir no papel

Sou eu que vou ser seu colega
Seus problemas ajudar a resolver
Te acompanhar nas provas
Bimestrais, você vai ver
Serei, de você, confidente fiel
Se seu pranto molhar meu papel

Sou eu que vou ser seu amigo
Vou lhe dar abrigo
Se você quiser
Quando surgirem
Seus primeiros raios de mulher
A vida se abrirá
Num feroz carrossel
E você vai rasgar meu papel

O que está escrito em mim
Comigo ficará guardado
Se lhe dá prazer
A vida segue sempre em frente
O que se há de fazer

Só peço, à você
Um favor, se puder
Não me esqueça
Num canto qualquer

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

MPB, para ouvir e curtir, com banquinho e violão

Quando eu preparei esta lista de músicas, destinada a apresentar uma seleção cuidadosa e representativa da Música Popular Brasileira - MPB, surgiu a dúvida sobre o critério que utilizei para escolher as canções. Até porque foi um critério completamente subjetivo. Eu escutava, lembrava e incluía. Não havia um rótulo, tal como samba, rock , reggae ou forró, era o que eu mesmo classificava de MPB, com base nas minhas lembranças, no meu gosto e na minha interpretação.

Eu fiquei mais tranquilo quanto a essas escolhas depois de ler o artigo do Carlos Sandroni, na Revista CULT, onde ele afirma que: "A MPB é um constructo cultural, e como tal nem sempre existiu e nem sempre quis dizer a mesma coisa." Como o Sandroni, além de compositor e escritor, é professor, sociólogo e doutor em música, me apoiei nele para oferecer esta lista, sem preocupação com os "verdadeiros" gêneros ou rótulos dessas músicas. (Veja o artigo clicando aqui.)


Carlos Sandroni: A MPB é um constructo cultural

A verdade dos fatos não deixa dúvida que esse rótulo de MPB teve mais força nos anos 60 e 70, sendo inegável associar com Chico, Caetano, Bethânia, Elis, Milton, Djavan, Gal. E, obviamente com o grupo MPB-4. De acordo com alguns pesquisadores, o nome desse grupo musical, assim batizado em 1964, foi fundamental para popularizar a "marca" MPB. E qual a imagem que melhor a representa? Talvez seja o violão... e o banquinho.

Diferente de outras listas e álbuns que tenho publicado aqui (a maioria delas com cerca de dez músicas), esta lista é bem mais ampla e permanecerá em construção, ou seja, crescendo ao longo de algum tempo com novas músicas. Por enquanto, com pouco mais de 60 canções selecionadas uma a uma, ela proporcionará cerca de 4 horas de um som de altíssima qualidade. Você pode escutar no trabalho, na condução, pode utilizar como som de fundo de uma reunião de amigos em sua casa, curtir e cantar enquanto escutar aquelas que mais gosta, enfim, uma lista para você marcar e seguir.

Por isso, deixo aqui com você essa playlist denominada MPB Seleção.

Para ouvir e seguir esta lista no Spotify, clique aqui.

Para ouvir no Deezer, clique aqui.

Para ouvir no YouTube, clique aqui.

Como eu venho colocando um vídeo ao final de cada publicação, escolhi um que representasse a época em que essa nomenclatura começou a tomar força. Aliás, de acordo com alguns críticos musicais, foi nesse 1º Festival da MPB, com a música vencedora, Arrastão, de Edu Lobo e Vinícius de Moraes, que Elis Regina, aos 21 anos, inaugurou a nova música popular brasileira. Como as imagens e o som do festival, ocorrido em 1965, não possuem boa qualidade, coloquei o trecho do espetáculo teatral: Elis, a Musical.


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Começar de Novo

Alguns discos representam a virada em uma carreira artística. Sem dúvida, é o caso desse disco da Simone - Pedaços - lançado em 1979. A música Começar de Novo, ancorando o disco, foi a entrada de Simone no mundo da fama. Ela já era excelente e respeitada cantora, mas a música foi tema de uma série nacional de televisão - Malu Mulher - e isso foi decisivo para uma disparada de sucesso nos palcos e na TV. A série trouxe pela primeira vez o tema do feminismo e da emancipação da mulher brasileira para o horário nobre da televisão. E a música Começar de Novo, na voz de Simone, completou a receita de sucesso.

LP Simone Pedaços 1979

O melhor da história, entretanto, é que o disco é excelente do início ao fim (dos dois lados!), com um elenco de compositores de primeira grandeza. Quase todas as músicas fizeram sucesso e ficaram registradas até hoje na memória de quem gosta da boa música popular brasileira. Com voz forte, afinação perfeita e muita personalidade, suas interpretações de Começar de Novo, Sob Medida, Tô Voltando, Cordilheira, Outra Vez, Saindo de Mim, Pedaço de Mim são realmente inesquecíveis. E tudo no mesmo disco! E me lembro bem quando fui a um  show dela no Canecão, no Rio de Janeiro.


A música Começar de Novo é uma composição de Ivan Lins e Vitor Martins, reunindo verso e melodia com muita harmonia e força.

Começar de Novo


Começar de novo e contar comigo 
Vai valer a pena ter amanhecido 
Ter me rebelado, ter me debatido 
Ter me machucado, ter sobrevivido 
Ter virado a mesa, ter me conhecido 
Ter virado o barco, ter me socorrido 

Começar de novo e contar comigo 
Vai valer a pena ter amanhecido 
Sem as tuas garras sempre tão seguras 
Sem o teu fantasma, sem tua moldura 
Sem tuas escoras, sem o teu domínio 
Sem tuas esporas, sem o teu fascínio 
Começar de novo e contar comigo 
Vai valer a pena já ter te esquecido 
Começar de novo


Por isso, ao registrar o talento, o profissionalismo, a qualidade de Simone, escolhi este disco para você escutar inteiro. Se for do seu tempo (é do meu), antes de dar play, imagine-se segurando o braço da agulha e o colocando delicadamente sobre o LP de vinil que está rodando. E siga da primeira até a última das onze músicas. Aqui, porém, você não vai precisar se levantar para trocar de lado.

Pedaços (1979)
Começar de Novo (Ivan Lins - Vítor Martins)
Sob Medida (Chico Buarque)
Povo da Raça Brasil (Milton Nascimento - Fernando Brant)
Condenados (Fátima Guedes)
Cordilheira (Sueli Costa - Paulo César Pinheiro)
Outra Vez (Roberto Carlos)
Vento Nordeste (Sueli Costa - Abel Silva)
Saindo de Mim (Ivan Lins - Vítor Martins)
Tô Voltando (Maurício Tapajós - Paulo César Pinheiro)
Itamarandiba (Milton Nascimento - Fernando Brant)
Pedaço de Mim (Chico Buarque)

Escute agora o "disco" no Spotify, clicando aqui.

Se preferir, escute no Deezer, clicando aqui.

Simone continua sua carreira artística fazendo shows no Brasil e em outros países. Durante a pesquisa para esta publicação, em outubro, ela está com Zélia Duncan em Portugal. Veja a agenda em http://simone.art.br/.

É claro que a música principal requer um destaque especial, com este vídeo da época do lançamento da música Começar de Novo.




Referências:

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Meu amigo Charlie Brown

Eu não me lembro bem como foi que comecei a curtir a música do Benito di Paula. Mas foi logo no início da sua carreira de sucesso. 

Comprei um de seus primeiros discos e os seguintes também.

Acompanhava sua apresentações na TV, inclusive um programa que ele apresentou na extinta TV Tupi, na década de 70, quando estava no auge da fama. Se chamava Brasil Som 75 e também virou um disco.

De repente, pra mim, ele desapareceu. Menos as suas músicas, cuja maioria eu sabia de cor e volta e meia me pegava cantarolando.

Um sambista que nasceu em Nova Friburgo e se lançou com força em São Paulo e que levava o samba no piano. Ele representou uma proposta musical realmente diferente. Dizem que o querido Paulinho da Viola compôs um samba para criticá-lo e que ele respondeu com outra música. Sei lá se isso é verdade, mas o tempo fez questão de deixar claro que havia espaço para todo mundo, principalmente para quem tem talento e público!

Capas de LP da década de 70
De uns tempos pra cá, o Benito di Paula voltou a aparecer. Suas músicas tiveram várias regravações. Foi aceito e respeitado no mundo do samba. E ele lançou um novo disco, agora em 2017. Veja mais informações sobre o Benito e sua agenda de shows no site oficial: www.benitodipaula.com.br

Eu eu, que na minha juventude fui seu fã, agora que tenho este blog de músicas, não poderia deixar de prestar minha homenagem, fazendo uma seleção de dez músicas dele, as "Top10" na minha avaliação.


"Mas se não for amor, não diga nada, por favor. Não apague esse sonho pois meu coração nunca sofreu de amor."

Músicas da playlist:
Ah, como eu amei
Charlie Brown
Se não for Amor
Não precisa me perdoar
Mulher Brasileira
Tudo está no seu lugar
Como dizia o Mestre
Bandeira do Samba
Sanfona Branca
Retalhos de Cetim

Para ouvir essa seleção de músicas no Spotify, clique aqui.


Ao preparar essa publicação, encontrei este vídeo, retratando o carinho e o respeito dos sambistas ao velho ídolo, Benito di Paula e ao seu eterno sucesso Retalhos de Cetim, no Quintal do Zeca. Confira!


Referências:
www.benitodipaula.com.br